Casa da Juventude de Fernandópolis-SP, inaugurada em 2024 com investimento de quase R$ 1 milhão, segue sem funcionamento em 2025
Homenagem à educadora Maria Cirlei Pagliarani Branco ainda não saiu do papel; Prefeitura afirma que aguarda conclusão da aquisição de mobiliários e equipamentos para iniciar as atividades
© Foto divulgação prefeitura de Fernandópolis-SP FERNANDÓPOLIS (SP) — Inaugurada com cerimônia oficial em 17 de maio de 2024, a Casa da Juventude “Maria Cirlei Pagliarani Branco”, localizada na Avenida Juvenal Flávio Borges, no Parque Universitário, permanece sem funcionamento efetivo mais de um ano após a entrega do prédio. A unidade, anunciada como um espaço voltado à formação, cursos e oficinas para jovens do município, tornou-se alvo de questionamentos diante do contraste entre o investimento realizado e a ausência de atividades em 2025.
A obra recebeu aporte total de R$ 973.628,83, viabilizado por meio de convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo, que contribuiu com R$ 790.000,00, enquanto a Prefeitura de Fernandópolis entrou com R$ 183.628,83 de contrapartida. A estrutura inaugurada conta com 250 m² de área construída, incluindo sanitários masculino e feminino, banheiros adaptados para pessoas com deficiência (PCD), cozinha, duas salas de reuniões, sala de diretoria, salão principal com mesas individuais para alunos e estacionamento interno para cerca de dez veículos.
Apesar da entrega formal do prédio, o espaço não foi aberto ao público nem passou a cumprir a função social anunciada no ato inaugural. Diante disso, no dia 15 de dezembro de 2025, o Portal Brasil Sem Censura questionou oficialmente a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) sobre os motivos da Casa da Juventude ainda não estar em operação.
Em resposta enviada ao portal, a Secom informou, em nota oficial, que o atraso está relacionado à etapa de estruturação interna do espaço. A resposta na íntegra pelo site:
“Ao longo deste ano, a Prefeitura realizou um levantamento completo dos mobiliários, equipamentos de informática e recursos audiovisuais indispensáveis para o início das atividades formativas, como aulas, cursos e oficinas voltadas à juventude. A unidade entrará em funcionamento assim que essas etapas de aquisição forem concluídas.”
A Casa da Juventude leva o nome de Maria Cirlei Pagliarani Branco, pedagoga com trajetória marcante na educação pública regional. Formada e pós-graduada em educação infantil, Maria Cirlei iniciou a carreira docente em 1968 e ocupou diversos cargos ao longo de décadas de atuação, incluindo coordenadora de escolas rurais, assistente pedagógica, capacitadora da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (F.D.E.) e membro do projeto “Escola é Vida”.
No serviço público, foi supervisora de ensino da Prefeitura de Fernandópolis, presidente do Fundo Social de Solidariedade, dirigente municipal de educação e cultura em Macedônia, gerente de educação em Fernandópolis, chefe de gabinete, gerente de ensino profissionalizante da Casa Aprender, diretora de Educação de Fernandópolis e supervisora de educação na Prefeitura de Estrela d’Oeste. Maria Cirlei faleceu em 22 de abril de 2020, vítima de fibrose pulmonar.
Enquanto o nome da educadora permanece gravado na fachada do prédio, a ausência de funcionamento levanta questionamentos sobre planejamento, prazos e efetividade das políticas públicas voltadas à juventude. Mais de um ano após a inauguração, a Casa da Juventude segue como símbolo de uma promessa ainda não cumprida à espera de mobiliários, equipamentos e, sobretudo, de jovens ocupando o espaço para o qual ele foi concebido.







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