FERNANDÓPOLIS (SP) O SORRISO DA IMPUNIDADE: QUANDO O ESPORTE SE TORNA UM PALCO DE INDIGNAÇÃO

Fernandópolis-SP 07 de julho de 2025. No último final de semana, enquanto centenas de jovens atletas viviam a emoção dos Jogos Regionais em Votuporanga-SP, uma imagem chamou atenção em Fernandópolis-SP: o treinador de vôlei masculino que está no centro de uma grave denúncia por assédio seguia representando a cidade no evento, posando para fotos com um sorriso no rosto.
Esse mesmo sorriso que para muitos representa conquista, para outros tem sido símbolo de impunidade.
O caso ganhou repercussão regional. O treinador denunciado faz parte do programa municipal “Bom de Escola, Bom de Esporte”, voltado a integrar educação e atividades físicas como ferramenta de transformação social. O problema é que, mesmo após a denúncia formal feita por um jovem ex-atleta, o profissional continua exercendo sua função sem qualquer afastamento preventivo, o que gerou revolta em parte da população, sobretudo entre pais, mães e educadores que acreditam que o esporte precisa ser um ambiente seguro.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Fernandópolis-SP (SECOM) respondeu com agilidade incomum em apenas sete minutos ao pedido de esclarecimento feito por este portal. Abaixo, a íntegra da nota oficial enviada pela SECOM:
NOTA OFICIAL
A Prefeitura de Fernandópolis informa que há uma denúncia formal em apuração pelas autoridades competentes envolvendo um professor de voleibol vinculado ao Programa “Bom de Escola, Bom de Esporte”.
O profissional atua há vários anos na modalidade, e até o momento não há outros registros, formais ou informais de conduta incompatível com a função.
Nos termos do art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, é assegurado ao servidor o direito ao contraditório e à ampla defesa. O afastamento cautelar previsto no art. 179 da Lei Complementar Municipal nº 01/1992 somente se aplica quando houver risco de interferência na apuração dos fatos, o que não se verifica neste caso, já que o atleta citado não integra mais a equipe desde o início do ano.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e a colaboração com as investigações, preservando os direitos de todos os envolvidos.
A QUESTÃO QUE FICA: E SE FOSSE O SEU FILHO?
Com a nota, a Prefeitura tenta justificar a permanência do treinador em sua função. Mas a pergunta que ecoa entre a comunidade é simples e direta: se o filho do prefeito fosse o autor da denúncia, o treinador ainda estaria sorrindo em pódios?
A manutenção de sua função, mesmo diante de uma denúncia formal, passa para a sociedade a imagem de que não compensa denunciar, que o silêncio é mais seguro do que enfrentar um sistema que não sabe proteger suas vítimas. E pior: que o agressor pode continuar treinando, vencendo, exibindo medalhas e mais medalhas que, para quem carrega a dor da violência, nada significam além da lembrança do trauma.
A ausência de uma medida preventiva, como o afastamento cautelar do cargo, mesmo que temporário, parece desconsiderar o impacto emocional sobre a vítima e sobre a confiança da população na gestão pública e nas instituições esportivas.
O esporte deveria ser símbolo de superação e união. Neste caso, está sendo palco de um teatro vergonhoso, onde o silêncio institucional é o pano de fundo, e a impunidade ocupa o centro do palco.
Ao senhor prefeito, fica o apelo: se não tem coragem para agir, tenha ao menos a dignidade de não se omitir. Honre o esporte, proteja nossos jovens e, se necessário, renuncie ao cargo antes de manchar definitivamente a história esportiva e moral de Fernandópolis-SP.
A caneta que o senhor segura tem poder para promover justiça ou para sangrar a confiança de toda uma cidade.
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