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Brasilia,01/07/2025

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Febre dos bebês reborn: Refúgio inofensivo ou alerta sobre a fuga da realidade?

Crescimento do uso de bonecos realistas por adultos levanta debates sobre saúde mental, uso indevido de serviços públicos e os limites entre o afeto simbólico e a desconexão da vida real.

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 Febre dos bebês reborn: Refúgio inofensivo ou alerta sobre a fuga da realidade?


Eles não choram, não comem e não têm batimentos cardíacos. Mesmo assim, os bebês reborn  bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos com impressionante semelhança  vêm ganhando espaço na vida de muitos adultos. Criados originalmente como itens de coleção e objetos artísticos, esses bonecos agora dividem espaço com práticas que despertam atenção e preocupação de autoridades, profissionais de saúde mental e operadores do direito.

Recentemente, casos envolvendo o uso de bebês reborn em situações que exigiriam interação com seres humanos reais têm se multiplicado. Há relatos de pessoas apresentando atestados médicos por supostos cuidados com os bonecos, levando-os a unidades de saúde pública como se fossem filhos biológicos e até acionando o Judiciário para obter direitos que, em tese, se aplicam apenas a seres vivos.

O fenômeno levanta uma série de questões legítimas e sensíveis. Estaria o apego exagerado aos bebês reborn revelando uma nova forma de escapismo emocional? Estaria essa prática se sobrepondo às responsabilidades da vida adulta, como o cuidado com crianças reais muitas das quais aguardam adoção em orfanatos pelo país?

Saúde mental em  alerta que, embora não se possa generalizar o perfil de quem coleciona ou interage com esses bonecos, é preciso atenção quando o afeto simbólico se transforma em substituto da realidade. A idealização extrema de um bebê que não demanda esforço, não oferece riscos e tampouco exige entrega emocional recíproca pode ser sintoma de uma sociedade cada vez mais desconectada das responsabilidades reais  e mais confortável em mundos controláveis, ainda que fictícios.

Não se trata de proibir ou demonizar o uso dos bebês reborn, mas é necessário refletir sobre até que ponto essa prática está sendo utilizada como mecanismo de fuga da dor, da frustração e das relações humanas verdadeiras.

Do ponto de vista jurídico, também há limites. O Judiciário e o sistema de saúde não devem ser sobrecarregados com demandas que envolvem objetos inanimados. Não podemos desviar recursos públicos, como atendimentos médicos ou decisões judiciais, para casos que envolvem bonecos. Isso fere a racionalidade do sistema e pode representar um desrespeito às verdadeiras urgências da sociedade.

É justo que um bebê reborn seja levado ao posto de saúde como se fosse uma criança com febre? É razoável emitir atestados médicos ou licenças do trabalho por conta de um objeto de afeto pessoal? A linha entre o carinho simbólico e o descolamento da realidade precisa ser melhor compreendida  e, acima de tudo, debatida.











Enquanto isso, crianças reais continuam aguardando adoção, acolhimento e atenção em abrigos por todo o país. Talvez seja hora de olharmos com mais seriedade para esse fenômeno social e, sem preconceito, refletirmos sobre o que ele revela sobre nós mesmos: nossa saúde mental, nossa capacidade de conexão com o outro e, principalmente, nossa disposição em enfrentar ou evitar  a vida como ela realmente é.

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