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Brasilia,29/06/2025

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A eternidade começa com a sua ausência

Entre flores, lágrimas e promessas, um adeus forçado sela o amor que nenhuma morte pode apagar.

PORTAL BRASIL SEM CENSURA
A eternidade começa com a sua ausência


CRÔNICA – Por Jucymar Cardoso 

Eu não estava preparada para me despedir de você.

Talvez ninguém esteja, nunca. Mas hoje eu precisei me forçar a ir. A ir ao seu último lugar. A te ver ali, imóvel, fria… tão linda quanto sempre foi  mas inacessível, inalcançável. E o mais doloroso: definitiva. Saber que não vamos mais nos ver me rasga por dentro de um jeito que nem as palavras conseguem alcançar.

Se eu soubesse que aquele "até mais" na porta era, na verdade, o nosso adeus...

Eu teria te abraçado mais forte.

Eu teria te beijado por mais tempo.

Eu teria dito que você era tudo, absolutamente tudo o que dava cor aos meus dias.

Comprei flores hoje. Flores lindas, frescas, delicadas, do jeito que você gostava. Eu queria te surpreender quando você voltasse do trabalho  mais uma daquelas surpresas bobas que te faziam sorrir de um jeito que me fazia sentir o ser mais amado do planeta. Mas no caminho, a vida  ou melhor, a morte  me surpreendeu com um telefonema.

Uma ligação mudou tudo.

E o tempo parou.

Você e nossa filha tinham sofrido um acidente. Ela  nosso pequeno anjo  teve apenas algumas escoriações. Mas você… você não resistiu. E tudo o que tínhamos, tudo o que éramos, tudo o que seríamos... se quebrou ali.

Eu olho para o porta-retrato que guardo no criado-mudo e me pego tocando sua imagem como se isso trouxesse você de volta.

Dói. Dói de um jeito que grita no silêncio.

Você foi quem me ensinou a amar de verdade.

Você me deu o maior presente da minha vida: nossa filha.

E agora, mesmo dilacerado, eu prometo  com a alma em pedaços  que vou cuidar dela por nós dois. Porque ela carrega o seu sorriso. A sua luz. Ela é, agora, o elo que me mantém respirando.

Confesso, meu amor, que eu preferia ter ido antes de você.

Preferia ter poupado meu peito dessa dor que nenhum remédio vai curar.

Mas acredito, de algum jeito que não sei explicar, que a eternidade existe. E se ela existe, nós vamos nos reencontrar. Em outra vida, ou em todas. E sem hesitar, sem medo algum, quero viver contigo todas as vidas que tiver  porque só contigo a vida foi plena.

Hoje, só me resta esse sopro de memória, essa ausência que ensurdece, esse amor que insiste em ficar.

E uma promessa: nenhuma outra ocupará o espaço que era só seu.

Até logo, minha amada.

Te espero onde o tempo não separa mais ninguém.

Portal Brasil Sem Censura – Jornalismo com alma.

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