Brasil de joelhos: a república que sangra em silêncio
Enquanto o sistema se protege, o povo sangra, sobrevive e briga por migalhas numa terra saqueada
Minha alma sangra. E não é figura de linguagem. É uma dor real, surda, silenciosa como o grito abafado de um povo inteiro diante da impunidade que reina soberana no mar revolto da política brasileira. Corrupções se acumulam, escândalos se repetem, e ninguém paga. Ou melhor: quem paga somos nós.
Não há punição real. Não há confisco de patrimônio. O dinheiro desviado dos cofres públicos raramente volta. É como se o Estado pudesse sangrar à vontade, sem consequências. Mas a verdade é que quem sangra é o povo.
Criou-se uma máquina estatal profissional em gastar mas absolutamente amadora em gerir. Um estado que nada produz, mas consome tudo. E o que retorna ao cidadão é pouco, cada vez menos: saúde precária, educação manipulada, infraestrutura em ruínas. A função do Estado parece ser apenas uma: manter o povo dependente.
E assim, dividido, preso em bolhas ideológicas e identitárias, o povo se engalfinha em brigas inúteis, enquanto políticos de todos os matizes se acertam nos bastidores e vivem com supersalários bancados por quem mal consegue pagar as contas do mês.
Desde que derrubaram a monarquia com apoio de maçons e da elite que se opôs à libertação dos escravos o Brasil entrou em declínio moral. O golpe de 15 de novembro de 1889 não apenas instaurou a República; ele destruiu a confiança, o respeito, o senso de pertencimento à nação. De lá pra cá, o dinheiro público virou espólio de guerra, e o povo, marionete de um teatro sujo, onde o vilão veste terno e se diz "representante do povo".
Não há salvador. Não virá um novo herói montado em cavalo branco. A mudança que o Brasil precisa não virá dos políticos — virá do próprio povo. Um povo que entenda sua força, que pare de idolatrar políticos de estimação e passe a lutar por algo maior que nomes ou partidos.
A libertação está na união. O salvador do povo é o próprio povo. O Brasil só será gigante de novo no dia em que os brasileiros deixarem de ser inimigos uns dos outros e se tornarem aliados contra esse sistema arcaico e cruel que há décadas mantém as mesmas famílias no poder.
Enquanto isso não acontece, seguimos de joelhos, sobrevivendo. Mas ainda há tempo de levantar.
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